(Borges Júnior)
A Polícia Civil concluiu inquérito em que Luciana Paula Figueiredo, de 32 anos, filha da idosa, Ana Benedita Figueiredo, de 68 anos, foi flagrada em um vídeo, tentando matar asfixiada a própria mãe, em uma das enfermarias do Hospital de Alta Complexidade Dr. Carlos Macieira, em São Luís. Luciana foi indiciada por homicídio triplamente qualificado.
Durante novo depoimento, a acusada alegou que “faz uso de medicamento para tratar doenças mentais e que teria colocado esse remédio, em um copo com água para tomar, mas acabou se enganando e deu para mãe”. Ao perceber o que havia feito, tentou reanimá-la . A forma usada “seria colocando a mão na boca e no nariz” da idosa. O ato serviria para “verificar se a mãe (vítima) estaria respirando, uma tentativa de reanimá-la”. “Ela (a filha) tem transtorno de Borderlaine e síndrome do pânico”, declarou a defesa que busca provar que Luciana Paula Figueiredo possui transtornos mentais. Ela segue negando o crime.
O Caso
A ação criminosa, que aconteceu por volta de 1h30 da madrugada, do dia 28 de janeiro, foi filmada por acompanhantes de outros pacientes, que estavam na mesma enfermaria e levaram o caso ao conhecimento da direção da unidade hospitalar pertencente à Rede Estadual de Saúde, que acionou a polícia.
Nas gravações produzidas por meio de celulares é possível notar a mão da filha da idosa, tentando interromper a respiração da Ana Benedita Figueiredo, tanto pelo nariz quanto pela boca.
A imagem mostra, também, a filha, usando um lençol para não permitir a respiração da própria mãe que ainda levanta uma das mãos para retirar a mão da filha do rosto dela, mas sem obter êxito.
Filha acusada de tentar matar a própria mãe \ imagem da internet
O delegado do idoso, Roberval Rodrigues, acompanhou o caso. “Luciana tentou, por asfixia, tapar as vias aéreas: boca e nariz da mãe. A idosa estava internada desde o dia 19 de janeiro, no Hospital Carlos Macieira, com problemas respiratórios. Ela estava na enfermaria com outros pacientes e foram os acompanhantes desses pacientes que observaram essa cena e gravaram no celular. Depois chamaram a enfermeira que chamou o médico diretor, que constatou o fato e acionou a Polícia Militar”, esclareceu o delegado.
Ao analisar as imagens, a polícia constatou a tentativa de homicídio. Luciana Paula Figueiredo foi presa pela PM e autuada por tentativa de homicídio. De acordo com o delegado, “o sargento constatou que era um caso de tentativa de homicídio e a levou para o Plantão Central das Cajazeiras onde foi autuada em flagrante, isso por volta de 1h30 da madrugada. Ela foi levada para o presido feminino, em pedrinhas”, explicou o delegado Roberval Rodrigues.
A idosa seguia internada desde o dia 19 de janeiro, em função de um quadro grave de embolia pulmonar. Nesse intervalo, a vítima melhorou, por isso estava na enfermaria, mas depois da tentativa de homicídio, precisou ser transferida para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) daquela unidade hospitalar.
Durante as investigações, o delegado do Idoso, Roberval Rodrigues, disse que solicitaria a Justiça a quebra do sigilo telefônico de Luciana Paula Figueiredo, além de Investigar uma seringa que estava em posse dela. “Nós precisamos averiguar detalhes, como de uma seringa que foi encontrada com ela (a filha da idosa), além da quebra do sigilo telefônico dela. Ela estava com dois celulares”, observou o delegado do idoso.
Em um depoimento anterior, a acusada foi interrogada se seria a favor da eutanásia (ato intencional de proporcionar a alguém uma morte indolor para aliviar o sofrimento causado por uma doença incurável ou dolorosa). Luciana teria dito que os pacientes em situações terminais deveriam ter a possibilidade da escolha. “Ela nega o ato criminoso. As imagens mostram tudo, mas ela diz que não. As investigações vão mostrar se é verdade ou não a conduta dela, se teve dolo. As imagens estão mostrando tudo, mas ela disse que não”, ponderou o delegado.
Após decreto da juíza Janaína Araújo de Carvalho, Luciana Paula Figueiredo segue presa, preventivamente, no Presídio Feminino, no Complexo Penitenciário de Pedrinhas.
Promotoria do Idoso Também Investiga o Caso
A Promotoria de Defesa do Idoso do Maranhão investigará se a idosa, Ana Benedita Figueiredo, já sofria violência antes de ser internada no hospital Carlos Macieira.
O promotor do Idoso José Augusto Cutrim enfatizou o posicionamento da Promotoria diante do acontecido. E foi enfático ao apontar ser fundamental a realização de pericia na seringa encontrada com a suspeita. “Tão logo tomamos conhecimento, nós fizemos contato com o delegado Roberval para sabermos as medidas que ele já tinha tomado. Ela (Luciana Paula Figueiredo) foi presa em flagrante. É preciso saber se a seringa que havia na bolsa da acusada continha alguma substância”, enfatizou o promotor do idoso.
O relacionamento da filha com a idosa também será alvo da investigação da Promotoria, que verificará ainda há quanto tempo a embolia pulmonar vem acometendo Ana Benedita Figueiredo, além de averiguar se a doença tem alguma relação com os possíveis maus tratos a que a idosa sofreria. “Tudo indica que foi tentativa de homicídio, qualificado por meio cruel, com recurso que impossibilitou a defesa da vítima; a vítima não tinha como reagir, pois estava acamada. Outro agravante é a situação de que ela é idosa e ela (a filha) se aproveitou da questão da vulnerabilidade, além de ser filha. Então, se tudo isso vier a terminar em uma condenação judicial, com certeza será uma pena elevada”, avaliou o promotor José Augusto Cutrim.
Em 2020, a Defensoria Pública do Estado já recebeu mais de 70 registros de violência contra idosos, na maioria dos casos, praticados por membros da família.
Denúncias de violência contra a pessoa idosa podem feitas pelo Disque 100, na Delegacia do Idoso, por meio do número do 3221 33 81 ou ainda na Promotoria do Idoso 3219 1816 .
